sexta-feira, 19 de junho de 2015

GUEBUZA, Venâncio Mondlane e a cidadania rancorosa

O deputado carismático-oposicionista Venâncio Mondlane propõe a prisão do antigo presidente moçambicano Armando Guebuza por alegadamente ter usado o Estado para satisfazer os seus interesses económico-empresariais. Este tipo de declarações faz parte de um perfil comum lá na “província” ao sul da África Sub-Sahariana. 
Os proponentes - oposicionistas, indústria intectual da sociedade civil e Imprensa - nem sempre fazem política para exibir o seu talento político e intelectual (diante de cidadãos que admiram qualquer pessoa moçambicana que tenha sotaque semelhante a um ilhéu de Madeira em Portugal
–este, quando colonizador, fez lavagem cerebral para que os bantu tivessem sotaque semelhante ao do colonizador), mas por ingenuidade política que desenvolve uma cidadania rancorosa e política inconsequente.
Esta cidadania rancorosa e política inconsequente está mais interessada em expurgar corruptos da FRELIMO do que em compreender a História da corrupção em Moçambique e as condições sociais e políticas que produziram o alto grau de passividade e impunidade a quem desrespeita as regras republicanas ou regras mínimas de convivência em sociedade. 
Algumas perguntas “habituais”: Como a sociedade e o Estado moçambicanos se organiza(ra)m e se estrutura(ra)m?... Como é comumente sabido, quem desrespeita as regras do Estado certamente não está somente na FRELIMO e seu governo, mas pode ser encontrada em cada metro quadrado das nossas relações sociais e políticas institucionalizadas… Por que o lobolo, por exemplo, se transvestiu em mercadoria? O que isso tem a ver com a “pequena” ou “grande” corrupção no Estado e na sociedade? Que, como e porque os actores sociais mercantilizam o lobolo? Por que a burocracia do Estado se transformou em lugar no qual “o cabrito come onde está amarrado”, mesmo para o funcionário de baixo escalão? Por que o cobrador do semi-colectivo (chapa) separa um lugar privilegiado para as suas amantes, por exemplo, e agride o passageiro que queira assentar “no privilégio”? Qual é o valor social que oposicionistas, indústria intectual da sociedade civil e Imprensa atribuem às regras republicanas? O que a corrupção tem a ver com o momento actual do trabalho pelo estômago? Quantos anos de Estado Moçambique tem? Há transparência nas organizações não-governamentais e partidos políticos de oposição? Por que os tribunais de contas públicas do Ocidente não exigem transparência nas ONG’s e partidos políticos moçambicanas?
Repito a ironia que pintei há tempos: que expurguemos, então, Guebuza e a sua mal-querida FRELIMO, para termos um paraíso bantu, dirigido pela carismática e messiânica oposição, cortejada pela bem-amada e dolarizada sociedade civil e propagandeada pela Imprensa independente…
À maneira polida de observar Moçambique, abraços!
Do vosso bantu-mahlazinense,
JB

Sem comentários: