sexta-feira, 20 de junho de 2014

Luísa Diogo impedida de se candidadar a presidente da República?




Por Rafael Bié

De longe o Comité Central do partido Frelimo ajudou a resolver as “makas” no seio dos camaradas, mesmo que a propaganda comunicacional tente convencer-nos que o partidão sempre se sai bem em face de crises internas, que até são normais numa organização. 

Ainda há gente que atrapalha, há gente que incomoda e, assim sendo, é preciso agir com precaução, é preciso “investir no futuro” da Luísa Diogo, antiga Primeira-Ministra, mesmo que seja na base de expedientes “rumorescos”, enlatados e espalhados via comunicação social, com este semanário a fazer eco.

Um artigo do profuso jornalista Ricardo Madaukana, na última edição do SAVANA, traz um título de criar água na boca, mesmo que seja um conjunto de rumores, percepções e especulações, e até criação de gente com mente fértil: “Rumores sobre candidatura independente de Luísa Diogo ganham força”. 

A seis meses das eleições? O suficiente para um jornalista começar a franzir a testa, tanto mais que esse jornalista não é “viente”, vive aqui e conhece as engrenagens do sistema político que aqui está montado. 
Dito de uma forma deselegante, pode-se afirmar que se está em presença de um embuste jornalístico mas a satisfazer expedientes de dentro do partido Frelimo, visando abater a ex-funcionária do Banco Mundial, sabido que Luísa Diogo não teria condições, ou seja não teria estrutura política que a endossase para enfrentar Filipe Nhusy, mesmo que viesse a receber apoio quer de Joaquim Chissano e de qualquer outro colosso da Frelimo. Parece cedo demais para assistirmos a oxidação do partido Frelimo como aconteceu com o Partido Comunista da União Soviética (PCUS). A Frelimo parece mesmo um partido inoxidável.  

Luísa Diogo deve ser extremamente ponderada para não aventurar e seguir o caminho por que passou Francisco Masquil, antigo governador da província de Sofala, depois que entregou o seu “cartão vermelho” ao partido, ela (Luísa) que não é nehuma entusiasta em matéria política.
 
E desafiar o “actual status quo” feito à medida do alfaiate, em Pemba, quando do 10º Congresso da Frelimo seria um suicídio político que Luísa não quererá experimentar. Candidatar-se, hoje, como independente é o mesmo que entregar o cartão como fez Francisco Maquil. A não ser que a Luísa pretenda andar na rua a falar sozinha, o que é de duvidar!

Luísa Diogo provavelmente saiba (Ricardo Madaukana, permita-me rumorar) o quão poderosa e sofisticada é a máquina da fraude que a Frelimo põe em marcha para ganhar eleições (Changara, em Tete e muito recentemente em Gurué, na Zambézia), são a parte visível do iceberg) e não se sabe se ela estaria em condições de desafiar essa mesma máquina a escassos seis meses das eleições, com alegações de que tem um substrato político acima da média e contaria com apoio de mulheres.

Diogo, pessoa que ocupou na Frelimo e no Governo várias posições de relevo, deve saber quais são outros expedientes que são accionados para desbaratar os adversários, sendo por isso pouco crível que Luísa Diogo embarque nessa aventura. 

O que deve estar a acontecer é que Luísa Diogo está a ser vítima de alguns camaradas seus que acreditam que dentro dos próximos dez anos ela continuará presidenciável, como aliás é hoje. Ficou em segundo lugar nas internas da Frelimo, atrás de Filipe Nhusy e cometeu o “erro político” de não ter abdicado de ir a um second round, o que teria sido “politicamente correcto”. A ida dela depois da primeira volta a uma segunda pode ter sido visto como uma afronta (quem sabe?) ao presidente Guebuza e toda uma entourage que este controla - pelo menos - este é o pensamento de alguns círculos. Dito de outra forma, Luísa não deveria ter ido a segunda volta com aquele que integrava os três elegidos pela ala “visionária”, “clarividente” ecrustada ao “Grande Líder”.

Aliás é esse o discurso em certos círculos e a ter em conta de dentro do partido Frelimo. Ou seja, Lísa Diogo não deveria ter cometido a asneira de ir a uma segunda volta para por em causa o pré-candidato da Comissão Política a quem Guebuza, triunfalmente disse: “Este é o nosso (meu) candidato”, referindo-se ao ex-funcionário ferroviário. 

A Luísa, com este expediente jornalístico, expedientes de smss, e-mails e redes sociais, em minha opinião não deve ser mais do que um alvo a abater ela que eventualmente pode ainda ser candidate em 2024. É preciso investir no futuro e não nos esqueçamos que Luísa Diogo disse recentemente que é preciso acreditar que uma mulher pode ser Presidente, um dia. Ela estava a falar dela mesmo (?), numa clara demonstração de que a ambição dela de andar de Mercedes Preto ainda está intacta. Mulher de fibra a Luísa!

Para dar um cunho jornalístico, o Ricardo Madaukana, que escreve belíssimos textos para o SAVANA, foi ouvir académicos. Mas se esqueceu de ouvir a pessoa sobre quem toda a sua prosa versa: a Dra Luísa diogo e o texto de Madaukana não diz ao leitor que ele, como jornalísta, empreendeu algum esforço para ouvir a antiga Ministra das Finanças.

Ao tentar tentar sustentar um rumor na base daqueles académicos, que se sabia, à partida, pensariam da mesma forma foi seguir o que faz a TV pública que sempre nos dá a ouvir a mesma opinião mas saída de quarto bocas diferentes, e mesmo assim chamam àquilo “debate”.  

E o que se fez com as pessoas que tiram 30 meticais para comprar o SAVANA, como eu, foi uma burla no sentido em que se foi buscar “académicos” (que até são bons) que se sabia, à priori que iam analisar o assunto sem se abstrair do passado recente da Luísa Diogo. 

Este exercício não é mais do que o que se pode dizer de “lei do menor esforço”. Alguns jornalistas têm tentado falar com fontes, com pessoas visadas nos seus artigos e, pelo menos, ficamos a saber de uma coisa: ligamos para a fonte e o telefone fez tum tum tum tum tum tum. Insistimos e o telefone fazia tum tum tum tum tum!!!

E por que é necessário abater a dona Lulu, como é chamada em alguns círculos, tendo sido já aniquilada em sede das internas do Comité Central da Frelimo. Provavelmente (permita-me, Madaukane, voltar a especular também) em função dos resultados das internas é preciso ter em conta o seguinte aspecto. É que na constituição do governo, caso Nhusy vença as eleições de Outubro, o que é muito provável, não se deve, hipoteticamente, deixar a Luísa na periferia do “taxo governativo” ou em outros cargos importantes. É que Luísa Diogo, no jogo do equilíbrio do género de que Moçambique se “gaba” de ser campeão na África Subsahariana, ela pode ser equacionada para Primeira-Ministra mais uma vez ou mesmo para substitur Verónica Macamo, na Assembleia da República, caso a Frelimo vença as eleições de 15 de Outubro. Isto vai garantir-lhe manter visibilidade por um period de dez anos até daqui a dez anos e é isso que corrói alguns corações. Provavelmente. 

E conhecendo-se o arcaboiço intelectual, académico de que é detentora e mesmo comparando com algumas mulheres que até fazem parte da Comissão Política, é preciso começar a trabalhar porque em 2024 Luísa Diogo terá 66 anos e ainda com energia para o que der e vier. 

A presidente da Libéria, Ellen  Johnson-Sirleaf, chegou ao poder em 2005 com 67 anos, contando hoje com 76 anos e o percurso dela tem alguns pontos em comum com a hoje PCA do BARCLAYS.
E não nos esqueçamos que Luísa Diogo foi Primeira-Ministra nos primeiros cinco anos de Armando Guebuza para, mais tarde, não fazer o segundo mandato, e em sua substituição vir a ser substituído por Aires Aly, não tendo feito este último se quer três anos. E não pode ter sido problema de incompetência que fez com que Luísa Diogo caisse da cadeira de Primeira-Ministra.  

E indo na teoria de alas que se supõe existir dentro da Frelimo, não se deve colocar de lado a hipótese de uma cabala estar a ser engendrada pela mão da ala feminista dos que no último Comité Central sairam vencedores que a vêem como sendo uma ameaça para a sua estabilidade política e económica futura e o tempo começa a escassear. E tal não me parece coisa de Homens, deve ser mesmo coisa de mulheres. Sou forçado a pensar na senhora que o um jornalista diz ser “a mulher poderosa” da Frelimo. E eu prefiro tratá-la com uma outra designação: ponderosa. A Margarida??? Isto só pode ser problema dos dentro e os de fora, fora de quê? Luísa Diogo foi para fora do jogo quando desafiou Nhusy em segunda volta. A dona Lulu foi vítima do seu “atrevimento”.


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