sexta-feira, 7 de março de 2014

Fórum Mulher - Mensagem pelo Dia Internacional das Mulheres



 


Celebramos mais um 8 de Março – Dia Internacional da Mulher. Esta data tem vindo a ganhar visibilidade que outrora não tinha, provavelmente por se dedicar maior relevância à data nacional das mulheres - o 7 de Abril. As datas que celebram as mulheres têm sido motivo para as parabenizar, oferecer-lhes flores e enaltecer o seu papel como companheira do “homem engajado”.


Contudo, o 8 de Março não se resume a uma data festiva, esta data traz consigo lendas, mas também histórias reais tendo ambas em comum o facto de referirem-se às lutas das mulheres, à sua jornada de busca por igualdade, liberdade e dignidade. Mudam-se os tempos, mudam-se os temas, mas os objectivos e as lutas permanecem vivos nos nossos dias. A luta é pela autonomia de ser sujeito de suas vidas, não apenas companheira!

As mulheres ainda estão invisíveis no campo político e económico. A representatividade das mulheres nos órgãos locais permanece muito baixa, contudo, ao nível central, mesmo que não se tenha alcançado a paridade, Moçambique tem índices de mulheres acima da média da região. Mas será que usamos o nosso poder em defesa dos interesses das mulheres ou caímos nas manipulações de quem de facto tem a faca e o queijo na mão? Porquê é que estes índices não se reflectem na vida das mulheres comuns? Porquê que não usamos o nosso poder para barrar a não penalização dos perpetradores de crimes sexuais (desde que o agressor se case com a vítima) como avança a proposta de revisão do Código Penal? Porquê as mulheres são apartadas dos processos de construção e manutenção da paz no país, quando elas são as maiores vítimas? Porque as políticas e leis na área da saúde continuam a não considerar os direitos humanos das mulheres? Porquê as mulheres continuam a viver a violência doméstica e a expropriação da terra? Por que é que as mães trabalhadoras continuam a gozar apenas 60 dias de licença de parto quando a Organização Internacional do Trabalho (OIT) definiu um mínimo de 90 dias, sendo Moçambique membro desta organização? Porque é que ao atravessar as fronteiras para buscar o seu sustento e para alimentar as grandes cidades as mulheres são violentadas física e economicamente? Por qual razão o trabalho doméstico, a maternidade e todo o trabalho do cuidado, que tanto sustenta e mantém as famílias e a sociedade não é valorizado? Por que motivo as mulheres continuam sendo as que mais dão de si aos partidos políticos, mas continuam sendo preteridas dos lugares chave e, quando lá colocadas têm sempre um vice ou adjunto homem? Por qual razão quando falamos de mulheres na política, sempre questionamos a sua competência
sem sequer dar oportunidade –  será mesmo por razões de competência que elas são barradas? 

 

Nós, Mulheres Moçambicanas consideramos que a participação política das mulheres é um passo fundamental para a reformulação das condições económicas, políticas e sociais para permitir oportunidades iguais para mulheres e homens. 

Reafirmamos o nosso empenho em actuar para mudar o mundo capitalista e patriarcal, que dá prioridade aos interesses do mercado acima dos direitos das pessoas. Como mulheres, demandamos a observância de todos os nossos direitos, e o pleno gozo do nosso direito à uma vida digna e sem violência, assim como o respeito de nossos direitos sexuais e reprodutivos.
Como mulheres queremos reafirmar que sim, nós somos capazes de participar nos processos de discussão sobre a vida do país a vários níveis, tal como as mulheres participaram com empenho na luta de liberação nacional. 

Queremos ocupar os meios de comunicação social, com a nossa autonomia de pensamento e crítica, mas também de apresentar alternativas sobre os assuntos da vida social, política e económica do país. Sim, somos capazes e queremos trabalhar a nossa terra, fazer a nossa agricultura de forma autónoma, valorizando todo o saber acumulado de tantas gerações. Queremos sim, produzir comida para nossas famílias, para nosso celeiro e para nossas irmãs e irmãos que não o podem fazer em nossas comunidades. Queremos ter controlo sobre nossas sementes. 

Apelamos todas as mulheres e todos os homens que lutam pela paz e pela justiça a participarem da implementação imediata de medidas para erradicar todas as formas de violência físicas, sexuais, económicas, ecológicas, verbais, psicológicas praticadas especialmente contra as mulheres. Queremos viver num MUNDO ONDE HAJA PAZ PARA TODAS E TODOS. 

Estamos num momento eleitoral, e apelamos que as mulheres estejam envolvidas em número e com poder de influências nas agendas políticas conforme o compromisso assumido pelo Estado Moçambicano no protocolo de Género da SADC. 

É necessário eliminar o mais rapidamente possível as desigualdades, que sejam sociais, culturais, étnicas, de classe ou de género. Lutaremos até chegarmos a uma sociedade que valorize a riqueza e os direitos das mulheres.

POR ISTO TUDO PERMANECEREMOS NA COMBATIVIDADE FEMINISTA CONTRA O SISTEMA PATRIARCAL QUE OPRIME, USA AS MULHERES PARA SE PERPETUAR. SEGUIREMOS EM MARCHA ATÉ QUE TODAS SEJAMOS LIVRES!

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