quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Manhenje: exemplo de um ex-ministro-habitante?

Na tarde de segunda-feira, 22, o deputado Manuel de Araújo e o activista de direitos humanos Custódio Duma relataram-me, por e-mails, a detenção do ex-ministro do Interior, o piloto-voador Almerino Manhenje, por alegadamente ter usurpado milhões de meticais do Estado moçambicano. Dia seguinte, confirmei a notícia, pelos jornais electrónicos moçambicanos.

Por ocupações extra-blog, não os comentei na hora neste espaço cosmo-electrónico.

Já que, semana passada, afirmei que, em Moçambique superabundam mais habitantes que cidadãos, achei por bem fazer a seguinte pergunta: Fazendo fé aos motivos que levam o ex-ministro aos calaboiços, ele terá sido um ministro-habitante ou ministro-cidadão?

Releia o que escrevi neste espaço, semana passada:

(...)
“Até hoje, ainda que não recorra à frescura dos mantos da divinizada academia secular, nada torna proibitivo afirmar que habitante tem, em princípio, ligação intrínseca com um dado biológico: nasce, cresce, alimenta-se, reproduz e morre. E, não fica por aí. Acumula, igualmente, comportamentos vegetacionais: vegeta, maquina pensamentos depravados e, por consequência, executa-os, inescrupulosamente.

Contudo, cidadão, para além dos atributos biológicos de habitante (menos, regra geral, o de vegetar e o de maquinar pensamentos depravados e, por consequência, executá-los inescrupulosamente), tem consciência de seus direitos e deveres, participando racionalmente, numa base ética, das decisões e do desenvolvimento de seu meio familiar, interpessoal, comunitário, nacional e internacional.

(...)

As atitudes de dilapidação do Estado, praticadas pela maioria dos governantes de Moçambique, desde o ano da Independência Nacional, até aos dias que correm, mostram que eram ou são governantes-habitantes ou governantes-cidadãos?”
A resposta pode ser esta: caso sejam verdadeiras as acusações que caem sobre Manhenje, não terei dúvidas algumas em afirmar, categórico, que ele é exemplo de um ex-ministro-habitante.
Assim, vai o país-macambúzio.

Até breve, Josué Bila

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